jun 30, 2016 Luana Dúvidas Comentários desativados em Tecnologia convence motorista de que dirigir embriagado é uma má ideia
Dirigir embriagado ainda é um hábito comum no Brasil, mesmo no oitavo ano de endurecimento da Lei Seca. O Ministério da Saúde afirma em pesquisa que 24% dos motoristas brasileiros assumem essa atitude. Acabar com esse costume, que está diretamente associado a 15% das mortes no trânsito, ganha a tecnologia como mais uma aliada.
Uma solução tecnológica tornou capaz a reprodução em simuladores de direção veicular das situações enfrentadas por um condutor embriagado. A imersão no ambiente perto da realidade tem sido um importante processo na formação de futuros motoristas. “Adotado para auxiliar na formação do condutor, o simulador permite o aprendizado em uma ampla variedade de adversidades. Por exemplo, para que o aluno entenda o que é dirigir sob a influência de álcool, existe uma aula específica com esse fim”, ressalta Jobel de Araújo, gerente de negócios da Mobilis, empresas responsável pelo projeto.
Os cenários percorridos durante as aulas de alcoolemia são idênticos aos demais, exceto pelas percepções alteradas do motorista que está sob efeito de bebida alcoólica. “Para reproduzir este efeito, o aluno perde o controle sobre o simulador, pois o volante responde com atraso aos comandos. O sensor de movimento que o aluno usa em todas as aulas preso à cabeça também reproduz a sensação de lentidão, similar ao que sente o motorista alcoolizado”, detalha. Além da aula de alcoolemia, o aluno tem a possibilidade de dirigir em outras situações que seriam impossíveis de ser trabalhadas durante o aprendizado na rua, pois estariam expondo a risco o aluno e seu instrutor, bem como todos os usuários da via.
O chefe do Departamento de Medicina de Tráfego Ocupacional da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Alves Junior, afirma que os acidentes provocados por motoristas embriagados ocorre por falta de senso de compreensão, uma vez que ele subjuga o teor alcóolico ingerido, apesar de conhecer os riscos. Os casos crônicos, por sua vez, são desprovidos tanto de limites quanto dessa consciência mais clara. “Em ambas as situações, a confiança sobre a capacidade de dirigir sob influência da bebida é exacerbada, o que leva o motorista a transgredir as leis de trânsito”, resume.
O especialista alerta que os condutores precisam ter em mente as consequências de atitudes como essas. “O simulador de direção veicular age justamente no sentido de trazer este risco à tona”, destaca. Ele acredita que sem o equipamento o aluno aprende, simplesmente, a fazer o carro andar, sem dedicar atenção a possíveis adversidades, inclusive às provocadas pela ingestão de bebidas alcóolicas.
Alves Junior esclarece que, assim como no consumo de drogas, a ingestão de álcool desestabiliza as funções responsáveis por garantir uma direção segura, são elas: sensório-perceptiva, responsável pelos sentidos; cognitiva, responsável pela percepção e concentração; e motora, responsável pelo tempo de resposta do usuário. “Em condições normais, o processamento entre ver algo e tomar uma atitude é de 0,75 segundos. Sob influência do álcool, este tempo chega, no mínimo, a 1,3 segundos, intervalo suficiente para um acidente”, compara. Outros efeitos da bebida são ainda a visão tubular no lugar da panorâmica e possíveis delírios, que intensificam a aceleração aplicada ao veículo.
Fonte: Radar Nacional
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